Instalação fotográfica de Claudia Jaguaribe no Instituto Bardi/ Casa de Vidro
15 de setembro a 27 de outubro de 2018
“a casa é quem a habita, é ele mesmo, e que espelha o espírito humano e lhe mostra os defeitos, os vícios e a vaidade ou o equilíbrio e a compreensão.”
Lina Bo Bardi
Sobre No Jardim de Lina
Lina Bo Bardi teve uma atuação notável na arquitetura e na arte brasileira ao se estabelecer no país, em 1946. Extremamente inovadora, foi expoente de transformações na cena cultural de sua geração e influência para as subsequentes.
Nascida na mesma década de construção da Casa de Vidro, Claudia Jaguaribe propõe, nesta exposição, estabelecer um diálogo fotográfico a partir da Casa a fim de alcançar uma imersão na obra de Lina Bo Bardi. O trabalho consiste em uma instalação de dois conjuntos de esculturas, com sete imagens em cada conjunto, um livro homônimo à exposição e uma série de três composições, cada uma com duas fotos distintas.
Para este projeto na Casa de Vidro, a artista utiliza elementos arquitetônicos da casa como ponto de partida para criar uma segunda arquitetura, essa feita de imagens. A sua instalação produziu uma nova versão dos elementos principais da casa, as colunas e as janelas de vidro, refeitas em forma de fotografias e esculturas. No livro homônimo, Claudia Jaguaribe optou por organizar uma narrativa visual na qual documentação e ficção se combinassem em um passeio entre o jardim e a casa, evidenciando as mudanças do tempo neste espaço.
“Me identifico com diversas questões abordadas por Lina. Ela tem uma enorme liberdade, não se restringe a caminhos dogmáticos e neste projeto um dos principais aspectos foi rever a questão do meio ambiente e da casa no contexto urbano. Procurei criar uma instalação fotográfica que apresenta o visível e não visível junto à tensão presente entre a natureza e a construção arquitetônica na obra de Lina.
“Ao me debruçar sobre o universo de Lina trago para o público a possibilidade de rever o seu caráter inovador a partir do olhar da fotografia contemporânea. As diversas questões que Lina abordou na sua arte evidenciam a sua influência nos processos artísticos atuais e mostram como a herança do moderno criou a base para a arte brasileira de hoje”, completa Claudia.
Na época da construção da Casa de Vidro, o Brasil era mais fechado, pouco internacional mas representava uma liberdade e um futuro muito distinto da Europa, bastante castigada com a guerra.
Hoje, inversamente, a arte brasileira está cada vez mais presente no contexto internacional embora se vivencie momentos de crise política. A partir deste contexto, pode-se ver o quanto o diálogo entre diferentes gerações para produção de novos questionamentos, levando em consideração a nossa história, é fundamental.
De Claudia para Lina, a imagem de um entrelugar
Trecho do texto do curador Diego Matos
“Entre o dia e a noite, em uma condição suspensa, um novo ambiente de natureza ficcional é construído. Dessa ambiência sobressaem-se as dicotomias do lugar, compostas pelo orgânico imponderável e pela solidez arquitetônica, e também os detalhes de um território que sofre com as marcas indeléveis do tempo; esse todo impregnado por luz e tons de cores específicos. Decerto, tudo nesse lugar parece tangenciar um espectro tonal entre o verde e o azul, variáveis conforme a incidência de luz e as cores da natureza e dos objetos, em consonância com o microclima da casa.”